
B26.Ouço o manso chuá da chuva
que não se cansa
de adular o verde-esperança
do milharal inteiro pendoado.
Por onde meus olhos vão
se estende o tapete verde
matizado pelas flores do pendão.
E a chuva, em cima dele, dança
abundante, serena e macia.
Os pingos redondos ressoam
no dorso das folhas arcadas
e nelas a chuva tamborila
e faz do meu pedaço
uma suave bateria.
A chuva chega sem pressa
e a água doce desce
embebendo o pé de milho.
A terra bebe e o que lhe sobra
manda de volta pro rio.
Ouço o manso chuá da chuva
que não se cansa de cochichar
prometendo colheita farta
e a melhora que há de vir.